A psicanálise se posiciona hoje, decididamente, do lado da pesquisa do autismo. Ela tem muito o que aprender com o autista também para elucidar a subjetividade contemporânea, pois nesta encontramos traços de um autismo generalizado, evidenciado nos impasses do laço social de nossa época. A interlocução com outros saberes é bem-vinda. Abre novas parcerias de trabalho.
Com relação à educação e à aprendizagem do autista, abre-se outro espaço de conexão, isto é, psicanálise e pedagogia. A palavra “inclusão” torna-se cara a esses dois campos teóricos e práticos e instiga o debate. a oferta da psicanálise ao autismo é mais do que uma teoria da estrutura autística. Também não se reduz a uma técnica específica. Apostamos num reencontro menos traumático do autista com a linguagem, com o outro, que viabilize alguma flexibilização da sua defesa e a construção da sua existência. Trata-se de priorizar uma ética que não se orienta pelos ideais adaptativos universais. Muito além de qualquer referência diagnóstica classificatória do autismo, distinta de toda visão deficitária, a prática orientada pela psicanálise investe na construção do caso, que constitui uma das principais metodologias da nossa pesquisa. Dando lugar à singularidade, sustentamos a investigação do caso a caso, para saber o que é, para cada um, o seu autismo.